quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um coordenador em busca da identidade profissional

“A gente dorme professor e acorda coordenador.”  RIOS, 2011.

Entre as milhares de perguntas que povoaram minha mente, quando fui aceita para coordenar uma escola municipal de Educação Infantil, lembro-me de algumas: E agora? O que fazer? Onde é o começo de tudo? Como desempenhar essa função de maneira no mínimo satisfatória? O que será que esperam de mim? Será que vou dar conta de tudo? Será que devo começar com um discurso?
     Já tinha experiência na coordenação de Ensino Fundamental, entretanto, sabia que a experiência na Educação Infantil seria muito diferente, e o pior de tudo: minha experiência como docente sempre se concentrara nas séries iniciais de Ensino Fundamental. Nesse momento percebi que passar por três fases em um processo seletivo (prova escrita, análise de projeto e entrevista) para ser PCP, eram dificuldades mínimas perto do que estariam por vir. Não basta ser apenas um bom profissional, um bom professor, é preciso trabalhar muito para que seu trabalho produza bons frutos e reflita diretamente na qualidade de ensino.
     
      O primeiro passo...
      Ler, estudar e pesquisar. Trata-se de atitudes inerentes ao trabalho de qualquer profissional do Magistério, principalmente de alguém que está à frente da equipe docente, no que diz respeito a questões de cunho pedagógico. Ser um bom professor auxilia na tarefa de coordenar e supervisionar os aspectos pedagógicos da escola, entretanto, para ser um bom coordenador as exigências são outras. A principal dica para quem não quer errar no desempenho da função é estar informado sobre os diversos assuntos sobre a Educação de maneira geral, sobre o nível de ensino em que atua, sobre a maneira como os alunos aprendem e se desenvolvem, legislação educacional, técnicas inovadoras de ensino, etc. E o principal de tudo: ter clareza de sua função na escola. Uma leitura recomendável nesse sentido são as atribuições do cargo normalmente previstas nos planos de carreira. Quando não existem atribuições claras nos planos ou até mesmo ausência delas, o melhor a fazer é procurar informar-se sobre as possibilidades de trabalho nos referenciais teóricos específicos.
      Coordenar sem embasamento teórico consistente não dá...
      Coordenar nas diferentes etapas da Educação Básica, constituem-se diferentes desafios, ou seja, são esperadas competências diferentes segundo o nível de ensino no qual se atua. Sem perder a visão da Educação como um todo, é importante que o PCP de Educação Infantil compreenda que esse nível de ensino encontra-se em um processo de transição e transformação, alavancado pelos referenciais teóricos e pelas políticas públicas em Educação, processo esse que vem sendo construído desde a década de 1980 e que ganha força a cada dia. Após ser consagrada como primeira etapa da Educação Básica, pela LDBEN/1996, começaram a surgir trabalhos na área destacando constantemente os princípios básicos que devem ser respeitados para o atendimento à criança pequena:

*   A escola de Educação Infantil possui caráter institucional e não assistencialista;

*   O binômio cuidar e educar são processos indissociáveis nesse nível de ensino;

*   É imprescindível que o profissional que trabalha com a criança pequena tenha formação inicial, continuada e em serviço;

*   A avaliação, na Educação Infantil, deve priorizar o desenvolvimento integral das crianças sem objetivos de acesso para o Ensino Fundamental e, sobretudo deve reorientar a prática pedagógica dos professores.

É claro que muitos são os desafios propostos para o trabalho na Educação Infantil e os citados acima, constituem-se basicamente o início de tudo. A realidade tem mostrado que somente atrelando teoria e prática é possível desenvolver um bom trabalho visando a melhora na qualidade de ensino.

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