sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sobre gansos e equipes

Assista ao vídeo elaborado especialmente para o grupo de estudos "Coordenação Pedagógica: Teorias e práticas para a formação da equipe escolar". A mensagem é conhecida entre os professores.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Que berço você nasceu?


Quando pensamos nessa palavra, por vezes ela implica muitas interpretações: BERÇO.

Dizemos: “Fulano nasceu em berço de ouro!”, ou também “Educação vem do berço”. 

Sabemos hoje em dia, da importância do berço, não só das suas inúmeras conotações, mas também do móvel propriamente dito. O berço como lugar de descanso, de aconchego, de renovar as energias do bebê, depois de um intenso dia de fazeres e brincadeiras.

No entanto, ainda existem pessoas que enxergam o berço (o móvel), como um lugar para cercear apenas a criança, deixando-a impedida de ser livre, de andar, engatinhar, tocar objetos, enfim; de ser criança. Nesse período da vida, como bebês curiosos e ávidos pelo novo, pela curiosidade, pelo toque dos objetos em seu entorno, as crianças necessitam reconhecer o berço como espaço de aconchego e de descanso. Um lugar especial onde ele queira estar e não onde seja obrigado a ficar. O berço não pode e não deve ser visto como um lugar de castigos, de punições. Berço é afeto. É um espaço individual onde o bebê tece vínculos emocionais, por reconhecer como seu espaço, seu cheiro e onde tenha vontade de ficar. Muitos de nós já tivemos também nossos berços. Muitos de nós tivemos oportunidades de ser educados, acariciados e embalados com cantigas de ninar em um berço. Por isso, o móvel é tão essencial e pertinente nessa faixa etária da vida, por isso as suas grades, para zelar pela segurança física do bebê. O berço é parte significativa da primeira infância.

Ao nascer, Jesus, num estábulo, junto aos animais, sua mãe Maria quis aconchegá-lo em um lugar: um berço. Contudo, devido às condições daquele momento, tal vontade foi impossível. Como mãe zelosa que era Maria, coloca-o em uma manjedoura, uma espécie de tabuleiro fixo onde se põe a comida dos animais. Isso é exemplo de pura ternura, de amor maior. Ainda enrolado em panos, acabara de nascer o Salvador do mundo, e Ele precisou de um berço, precisou daquela condição de bebê para aconchegar seu pequeno corpo em algum lugar. Se até Jesus precisou de um berço como local de cuidados e carinhos, por que não fazemos o mesmo? Por que imaginar o berço como local de isolamento e impedimento?

Nossas crianças que ainda necessitam de um berço, deve enxergá-lo como objeto de vida e não de sofrimento, de tormentas por algum castigo ou punição. Nossos bebês merecem ter a cada dia a vivência de suas próprias inquietudes de crianças, sem imaginar que serão castigadas sendo colocadas dentro de um berço, para fazê-las parar por alguma traquinagem.

O berço é permeado de significados. Repleto de informações, crenças, valores e principalmente da visão que temos sobre a criança e sua infância. Berço é espaço de crescimento saudável. Crescer em berço de ouro realmente não é para muitos. Mas crescer em berço repleto de amor, afeto, ternura e respeito, é algo que devemos almejar e praticar com todas nossas crianças. O berço é e sempre será espaço para a vida!
Autora: Deise Machado da Silva
Orientadora Pedagógica de Educação Infantil

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Processo de elaboração dos portfólios em uma escola de Educação Infantil no ano de 2010

           O portfólio é um dos instrumentos mais importantes para acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem das crianças, bem como reorientar a prática pedagógica.  Pelo fato da avaliação em Educação Infantil não ter objetivo específico de aprovação para a série seguinte, é necessário que haja um constante acompanhamento do desenvolvimento educacional, progressos, avanços e conquistas das crianças. 
Nós educadores, sabemos e reconhecemos a importância desse documento, entretanto, há um grande distanciamento entre reconhecer e colocá-lo em prática. Portanto, é papel do setor de gestão pedagógica da escola prover meios e condições para que seus educadores reconheçam essa importância e a coloquem em prática, não como cumprimento legal, mas, por reconhecerem sua importância para o processo educativo e valorização do trabalho realizado com as crianças. Pois, como afirma LIBÂNEO (2001): Uma coisa é certa, as pessoas arrumam tempo para as coisas que compreendem, que valoram e nas quais acreditam.
            O presente texto é parte de um relato de experiência, vivenciado na coordenação pedagógica em 2010 e posteriormente compartilhado com minhas companheiras em outubro do mesmo ano, na Secretaria Municipal de Educação.
            Durante a exposição do relato, procuro evidenciar o papel do coordenador pedagógico na criação de condições para que a equipe-escola trabalhe em função da promoção de um ensino de qualidade, assegurando o desenvolvimento educacional da criança mediante o adequado registro evolutivo de sua aprendizagem. Destaco também o embasamento teórico e legal que sustentam as ações e orientações pedagógicas.
A LDB assegura em seu artigo 31 que:
“Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil orienta:
[...] a avaliação é entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo.
 O artigo 10 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, aborda especificamente como deve ser a avaliação nesse seguimento da Educação Básica:
As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para
acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo:
I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano;
II - utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, etc.);
III - a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/ Ensino Fundamental);
IV - documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
V - a não retenção das crianças na Educação Infantil.

Em consonância com os documentos oficiais, meu projeto de coordenação previa a elaboração dos portfólios avaliativos, entretanto, havia um caminho a ser percorrido, que não é nada fácil quando chegamos a um lugar onde não conhecemos as pessoas. Tudo é muito novo e diferente: as rotinas de trabalho, a comunidade, os professores, educadores e demais funcionários da escola. O desafio é grande: entrosar-se com a nova equipe escolar e trabalhar para alcançar as metas estabelecidas.

A cultura organizacional da escola
Ao passar a fazer parte da equipe, era de meu conhecimento  que na própria elaboração do Projeto político-pedagógico, constava como meta a elaboração dos portfólios, já decidido nas primeiras reuniões pedagógicas do ano letivo e uma professora da equipe que já elaborava seus portfólios, havia compartilhado com a mesma sua experiência na elaboração do documento.
Para embasar minha prática como coordenadora pedagógica, fiz vários estudos pertinentes ao campo de trabalho e avaliação pedagógica no contexto da Educação Infantil. Alguns autores estudados: Jussara Hoffmann (2001), Zilma Ramos de Oliveira (2007), Miguel Zabalza (2006), Hilda Micarello (2010), Elizabeth Shores & Cathy Grace,  entre outros. Já sentia-me segura para chegar com as ideias prontas para serem “servidas” à equipe, entretanto, algo ainda me incomodava: o fato de impor inovações pedagógicas de cima para baixo e  para os professores. Assim como FULLAN & HARGREAVES(2000) denunciam como problema fundamental na implementação de mudanças na Educação:
“Muitas iniciativas para o desenvolvimento de pessoal assumem a forma de algo que é feito para os professores ao invés de com eles e, menos ainda, por eles...”
Nesse sentido, era preciso envolver a equipe no processo de construção dos portfólios e levá-la a compreender sua importância e finalidade para a Educação Infantil.
A padronização do portfólio
Cientes de que havia muito trabalho pela frente, e que precisávamos dar um primeiro passo, foi proposto à equipe em um dos nossos HTPCs a discussão dos itens obrigatórios que deveriam constar no portfólio coletivo de cada sala, bem como as finalidades dele. Hoffman reforça nossa intenção quando afirma que um dossiê/portfólio torna-se significativo pelas intenções de quem o organiza. Dessa forma, a intenção era elaborar diretrizes a serem seguidas junto com a equipe e não para a equipe.
Os resultados da discussão ficaram registrados para que eu pudesse fazer a devolutiva e a equipe pudesse seguir os padrões estabelecidos por ela mesma, e não pela imposição da coordenação pedagógica.







REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 9.394: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 1-9, dez. 1996. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em 20 set. 2010.
BRASIL. Ministério da Educação/Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Resolução nº. 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: 2009.
BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol. I. Brasília: MEC/SEB, 1998.
FULLAN, M. & HARGREVES, A. A escola como organização aprendente: Buscando uma educação de qualidade. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GRISPUN, M.P.S.(org). A prática dos orientadores educacionais. 6ªed. São Paulo: Cortez, 2008.
Hoffmann, J. Avaliação na Pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001.
SHORES, Elizabeth F. & GRACE, Cathy. Manual de Portfólio: um guia passo a passo para professores. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Espaço de formação e discussões sobre o cotidiano do Professor Coordenador Pedagógico (PCP) - II

Planejamento das Horas de Trabalho Pedagógico Coletivas (HTPC)
Tendo em vista que as HTPCs constituem-se um espaço de formação do professor e de construção do saber profissional, é preciso que o PCP a elabore de maneira criteriosa para que as metas sejam atingidas e esses momentos tornem-se produtivos.
Em um dos encontros foi discutida essa temática com as PCPs participantes do grupo de estudo, partindo da análise de uma situação problema.
“Um possível problema a ser enfrentado:
Dificuldades no planejamento e na condução das HTPCs, levando-se em conta que o grupo de professores é muito heterogêneo e trabalha junto a pouco tempo. Se os temas amplos podem avivar o interesse de todos, eles podem também desviar a atenção de assuntos talvez mais pertinentes ou urgentes. Nesse sentido, como escolher os temas de reunião, garantindo o interesse de todos? Como trabalhar a dinâmica do grupo? Como avaliar os resultados de uma reunião?”

Participantes realizando a leitura do texto: "Cartas aos coordenadores pedagógicos"


Após a situação problema colocada, as PCPs organizaram-se em grupos e refletiram uma maneira de superar o impasse, definido que:
É preciso antes de tudo, analisar a necessidades da equipe, ou seja, os assuntos a serem tratados nas reuniões, propor o estudos dos Eixos de estudos dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e mobilizar ações para diversificar o trabalho pedagógico. Destacaram também sobre a importância de se registrar as dificuldades e as facilidades do corpo docente acerca dos temas propostos.

Sobre a dinâmica do grupo pontuaram que é necessário trabalhar a heterogeneidade de modo que ninguém se sinta menos valorizado que o outro, realizando oficinas pedagógicas de maneira que um contribua com o trabalho do outro. Proporcionar troca de experiências por séries, em um momento do HTPC, também é uma boa sugestão para valorizar o trabalho de toda a equipe.

E por fim para avaliar os resultados das reuniões sugeriram a elaboração de  um diário do HTPC (pessoal) com a finalidade de auto-avaliação e reflexão para buscar novas soluções para os problemas que se apresentam, observação atenta nas ações e posturas do professor para verificação de mudanças e avaliação de pontos positivos e negativos do trabalho pedagógico, apresentando sugestões para os apontamentos.
As discussões e conclusões dos grupos foram devidamente registradas pela formadora em tempo real